Geralmente quando eu ando de ônibus eu sinto um certo enjôo, e por isso sempre evito aquelas cadeiras que ficam de costas para a frente do ônibus (que me dao ainda mais enjôo). Mas hoje o ônibus que vem pra faculdade estava cheio e a única cadeira vaga era essa, em que você viaja de costas. E, sem opçao, sentei nela.
Foi muito surpreendente porque comecei a pensar que realmente viajar de costas é ver as coisas como realmente a gente vê na vida. Nossa travessia pela vida e pelo mundo nao é vivida como quando caminhamos ou viajamos olhando pro nosso destino, olhando pro que virá, pro horizonte e pras partes da estrada que ainda estao por chegar.
Ao menos eu sinto agora que na verdade vivemos como o viajante no trem ou no ônibus que está sentado nessa cadeira de costas: só podemos ver o que acaba de passar, e nossas experiências sao como essas árvores afastando-se enquanto percorremos a estrada. E é completamente diferente cruzar a estrada vendo aproximar-se a árvore que você via ao longe ou vendo a cada instante alguma coisa nova e imprevista cruzar o caminho e ir embora... Totalmente diferente. E realmente tenho vivido como hoje de manha, naquela cadeira. O tempo todo o presente me surpreende, nao tenho idéia do que está vindo, só posso ver o que está acontecendo no exato agora e que vai passando, indo embora, enquanto avanço pela estrada sem ter a mínima idéia de pra onde estou indo, quais destinos seriam possíveis, qual o meu... e, enfim, onde e como essa estrada vai acabar.
(Queria também pôr aqui as fotos da vista do meu novo quarto, que fica num lugar muito legal da cidade, do lado da estaçao de trens Atocha e do Museu Reina Sofia... mas minha câmera está meio estranha, e nao consegui tirar a foto... vamos ter que esperar um tempo mais pra eu poder pôr mais fotos aqui)
quinta-feira, 8 de março de 2007
quinta-feira, 1 de março de 2007
Língua
Primeiro, queria falar um pouco sobre o quanto é maluca a experiência ocm o idioma espanhol (em algumas coisas, parecida com a vivida com o português de Portugal). Porque é uma língua em algumas coisas completamente parecida, e nas expressoes cotidianas, totalmente diferente. E o louco é que falá-la é como estar parodiando a si mesmo, imitando-se dentro de uma fantasia que nao é a sua. Por exemplo, uma expressao equivalente ao nosso "sei lá" é o "yo qué sé"... mas falar "yo qué sé", para um falante de português, nao é como falar propriamente uma outra língua, é mais como ter que falar a sua língua própria língua em outros termos. Nao sei se me explico bem, mas você consegue reconhecer no diferente, uma reformulaçao parecida, do familiar. Quero dizer, o sabor de estar por exemplo, em uma casa que parece com a sua, mas ao mesmo tempo tem uma disposiçao de móveis diferente, um cheiro diferente, uma energia diferente... é um sabor singular, porque faz coexistir algo diferente e algo muito familiar. Uma coexistência que seria menos clara pra alguém que está visitando a Mongólia, ou tendo de falar alemao... Esse parecido-diferente às vezes é muito louco. E tb fonte de mil mal-entendidos, porque como no geral dá pra entender as pessoas, e as pessoas conseguem te entender, quando aparece uma palavra que existe nas duas línguas, mas com sentidos bem diferentes em cada uma, entao, pensamos que estamos nos entendo, sem estar realmente. E isso é muuuito comum, rsrsrsrs.
Se bem que fico me perguntando. Será que em certo grau nao é sempre assim, mesmo quando estamos falando a mesma língua? Será que o pressuposto básico de nossa comunicaçao em palavras - o de que estamos nos entendendo, de que as palavras que usamos significam a mesma coisa pra cada um de nós - nao é sempre relativo, fugidio, incompleto?
Essa viagem me enche de perguntas rsrsrsrs. E tenho tido tanta vontade de ver mais a natureza (talvez pra pensar menos)... aqui ela é um presente raro, e um único vaso de plantas já encanta o dia...
Se bem que fico me perguntando. Será que em certo grau nao é sempre assim, mesmo quando estamos falando a mesma língua? Será que o pressuposto básico de nossa comunicaçao em palavras - o de que estamos nos entendendo, de que as palavras que usamos significam a mesma coisa pra cada um de nós - nao é sempre relativo, fugidio, incompleto?
Essa viagem me enche de perguntas rsrsrsrs. E tenho tido tanta vontade de ver mais a natureza (talvez pra pensar menos)... aqui ela é um presente raro, e um único vaso de plantas já encanta o dia...
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