Dia nublado, chuva incessante, desses em que a luz do dia, esquecida de sua fonte, é como cheiro que desperta lembrança distante, reavivando o que sempre esteve ali, escondido.
A ilusão quase patética de proteção dos guarda-chuvas e a insistência dos transeuntes em continuar obedecendo a relógios escancaram ainda mais a dolorosa luta de nossa época contra a memória em nossos corpos, presentificada numa vaga preguiça, ou melacolia, assim como na intimidade do que sentimos com o movimento de um céu como esse, abrindo espaço nos vãos entre os prédios, molhando nossas roupas de papel...
(No silêncio dessa noite invento fantasmas que teu abraço espantaria... esse ar tão mais limpo tem um cheiro suave de saudade...)
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