terça-feira, 2 de outubro de 2007
Sobre escrever
(...) Não correr tanto pra fugir de si mesmo, do seu próprio mistério e silêncio, da sua ausência... é que a gente nunca está onde supostamente deveria, e quando eu acho que me encontrei a ponto de quase segurar-me nas mãos, é que me dou conta de que olhar pra si mesmo é encontrar sempre um outro. O que fazer com as peças que sobraram varridas pra debaixo do tapete? Onde encontrar as que faltaram pra completar a montagem? Como deter o curso de uma escritura que vai partindo pra direções não planejadas, como se o lápis nos tomasse pela mão? Como assinar uma história, uma vida, escrita assim afinal? E talvez descubramos que só estávamos mesmo nas entrelinhas, nos desvãos, no que não pôde ser dito ou ficou pela metade, boca aberta, mão no cabelo, arrepio, miragem, devaneio...
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Um comentário:
o outro de si mesmo, que é tão outro como si mesmo, você. lindo.
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