terça-feira, 19 de junho de 2007

Umas possíveis últimas palavras

Não sei quando vou conseguir postar de novo nesse blog. Provavelmente só quando já estiver no Brasil, de volta da Índia... então, como últimas palvras de despedida aqui da Europa, deixo um texto que escrevi no ônibus, quando ia pra fazenda:

Na vida é importante demais saber nascer. A cada novo ciclo, conseguir dizer sim a cada novo dia, a cada passo inicial de um caminho.
A cada momento, só o que temos é um mundo totalmente novo e desconhecido. A cada instante, só o que temos é um começo, e cada olhar é o primeiro abrir de olhos de um recém-nascido.
Mas tendemos a criar e esforçamo-nos por manter sinais de segurança, continuidade, previsibilidade; constâncias que nos apressamos a interpretar como sinais de que o mundo já é conhecido e de que o futuro será sempre ou quase sempre tal e qual esperamos, afinal seguimos sendo os mesmos. E assim construimos uma imagem de continuidade e, agarrados a ela, nos sentimos seguros como um náufrago agarrado a uma bóia.
Nessa viagem, esse meu sentido de constância vem sendo testado, balançado, derrubado a todo momento. Eu nunca sei exatamente o que virá a seguir, e sempre que as coisas começam a se assentar em algo famililar, constante, quentinho, como a casa à qual retornamos sempre e todo dia, entao tudo muda, e eu estou novamente em um ônibus pra um novo lugar, um novo tempo/espaço... tenho que nascer de novo, mais uma vez.
No final, não sei bem, mas acho que a gente acaba sabendo estar quentinho a cada novo nascimento, e levando esse útero e raiz pra onde quer que estejamos. Pra poder viajar é preciso ser ainda mais parecido com as plantas. Não é questão de não ter raízes, mas de saber criá-las aonde quer que se vá, saber colher de cada nova terra os nutrientes que se precisa, e seguir em frente, para poder voltar

5 comentários:

Rique Meirelles disse...

"...tenho que nascer de novo, mais uma vez."


Então vá fundo... Nascer sempre mais e mais é maravilhoso!

Reinventar-se é sempre uma aventura!



=)


Beijos!

Unknown disse...

Meu irmão mais lindo...

Ler você em palavras que traduzem tão pouco desta tua grandeza de alma só me faz chorar...é como te ver dando os primeiros passos que acompanhei tantas e tantas vezes que nasceu e renasceu...muitas quieta, observando tuas conquistas tantas...outras mais longe do que queria hoje ter estado, mas enfim...neste teu nascer ninguém de nós está perto e talvez seja o momento onde todos estejamos tão perto, eu só quero te dizer que você merece cada novo brilho que se dá ao abrir mais uma vez os olhos e a alma...porque és enorme...e comporta o saber de tantas e tantas auroras e isto é presente para poucos...você é raridade...e eu só fico aqui mais uma vez quieta, embasbacada com mais passos teus..."Vai meu nê...corre, corre...Olha mãe!! ele conseguiu!!!Ele conseguiu!!!"

Unknown disse...

Ah antes que pareça um mal entendido que lindo este texto, que liiiiindo!!!!!!!!!rsrsrs...

Te amo!

Anônimo disse...

travessia. sempre estamos numa travessia. nao sei se quero sempre estar numa travessia.
me sinto identificado com algumas de tuas palavras. em que lugar voce está agora? o que te motiva a deixar tudo e viajar?

Anônimo disse...

Nossa, adorei o blog, as palavras, a experiência. Onde vc está agora? Ainda na Índia? Puxa... quem sabe vc volta a escrever e nos atualiza com as novidades e um belo modo de mostrar esses lugares?
Um feliz 2008
Santinha